2.3.08

SENHORA DO CÃO

Eis que surge a senhora com seu cão
Submetida ao transe de sua dança solitária
...

Ele chega tímido... arrastado
Com olhar aproximado
Sobre o dançar da senhora com seu cão
Traz consigo uma sacola
Para talvez catar humilde
O que ela despejar pelo chão
...

Ver-te assim linda
Descomunalmente bela
Tão duradoura
Detentora do tempo
Ao seu lado cada instante é projetado ao infinito
Do pensamento do que é você em minha memória
...

Não me importo de dizerem que não és minha
O que falo com meus amigos?
Argumento!
Reitero para o mundo em dizer que te amo
...

Que depois de encontrar-te
Resta o perfume carmim dos teus dizeres
E é cada vez mais insustentável dançar na tua presença
Ver-te é a triste metáfora de não te possuir
Tocar-te novamente seria como nadar no dilúvio
Impossível é dormir sem imaginar
Que cada minuto da madrugada te celebra
E sempre serão dias de primavera
No jardim do meu te amar
É o abraço à distância

Penso, penso, penso...
O caminho que observo
É o que está diante de mim
Você

Recordarás quantas estrelas cadentes caíram em tua presença?
Recordarás o beijo sobre as árvores e a manta da noite que nos encobriu?
Recordarás o brilho do pôr-do-sol do cerrado?
Recordarás do frio que aquecemos com nossos corpos?
Recordarás dos seus quadris encaixados no meu corpo suado?
Recordarás?
...

Já não me importo que valse com outro amor
Qual a certeza que temos sobre a verdade?
Ambas, certeza e verdade, são incertas mentiras
O que resta apenas é enunciação da tua existência
...

Já não quero mais nada
Já me destes tudo
O sonho, o canto, a inspiração


De ti não espero mais
É um choro perdido na avenida
Entoado na flauta
Do artista que te faz dançar

paradoxalmenteeu 010

texto-legenda para vídeo: Senhora do cão


2 comentários:

Anônimo disse...

po..., oq!

Anônimo disse...

"Qual a certeza que temos sobre a verdade?"