25.4.08

BEIRA MAR

Quando tudo não anda ao certo
É preciso ir ver o mar
Vagar descalço no gramado
Atirar pedras nas pedras calmamente adormecidas
Estas, submersas em lençol aquático
No suave toque úmido
Das carícias das marés
Em seus sonhos cristalinos
Sonham algas, sonham peixes, sonham nuvens de espuma salina
O trovão polvoroso nos porões dos navios
É prenúncio de partida
Destes mensageiros do tempo distante
Que flutuam recortantes a quietude angelical d’água
Ondulam em beleza reflexiva
As luzes da cidade
Espelhos abstratos
Nunca compreendi suas formas em verdade
A mentira que me escondes
É fluido escuro e noturno
Areia da profundidade
E mesmo embotado em lágrimas particulares
Após o choque contra a rocha
És brisa fina e passageira
Névoa
Sinopse em corpo em suspensão
Para mim
Depósito aliviante da minha maldade.

+ paradoxalmenteeu 026