10.3.08

AO MESTRE

Aos ensinamentos
Aos que andam
Aos que almejam voar
Desenhastes asas em nossos pensamentos
Como subterfúgio
A esse mundo enraizado
Fez-nos sementes dos teus conhecimentos
E, portanto filhos do teu conteúdo.

Somos ainda pequenas partes de Barbosa

Que crescem sob sua sombra...
Que balançam ao vento...

+paradoxalementeeu 019

...ao professor Eduardo Barbosa

VENTO


Sentir essa força invisível
Que retira dos corpos o estado paralítico
Como num flerte ao movimento

És envolvente

E sussurras aos nossos ouvidos palavras de galanteio
Num som suspirante que nos leva à dança

És levemente pesado
Pois carregas consigo toda a gentileza que te constitui
Um eu de muitos outros

Carregas a brisa
Levas a direção das chuvas
E dormes em agasalho de orvalho

Sem ti saudoso vento
Não compreenderias as coisas por completo

O gracioso arquear dos galhos
O correr superficial da areia como ampulheta quebrada
O movimento da espuma salivante do mar

Quero lançar tudo a ti vento
E falar que tudo que é vívido te saúda
E mesmo os dissimulados
E sólidos como rochas
Se esfacelam em grãos miúdos na sua presença

Na sua frieza estremecem

Até mesmo para as palavras
És a concepção do inaudível
Do que se esvai através de você

Guardas consigo as memórias
Dos que ninguém quer escutar
Pois pensamento é sopro vazio

Saudoso vento, saudoso pensar
Guarda-os com carinho macio

Rememores aqueles que um dia quiseram falar...


paradoxalmenteeu 018