3.12.08

SUBIDA CELESTE I


Subida celeste por escadas “desdegradas”
Que me levam ao monte do santo beneditino
Contrariando a lógica de minha cética alçada
Encontro pessoas que levam para longe a bagagem do desiludido

Cada qual transborda em essência aguada
E carregam baldes para o recipiente manancial da vida
A umidade dos seus abrigos sem telhados
Retêm em pálpebras de laje as lágrimas da última chuva

O choro das lajotas visto em olfato mofado
Esfacelam-se pelo rosto das paredes sofridas
E no rajar único do sol em dia estancado
Somos levados aos terraços para desvelar o vento

... e ao longe uma cidade avistada em paisagem
vive o sono marginal de sua utopia...

Aqui os terrenos tremulam sem o sismo
E o meu pisotear é pesado, instável, deslumbrado, invisível...

A beleza, como sempre dita, é erudita
O varal multicolor faz-se expressar em roupa rota
Prenunciam também que logo abaixo vive gente miúda
Que assinam desenvoltas a escrita ausente dos próprios pais

O que agora me foi dito?
Caligrafado como manifesto de letras arredondadas
Nunca três palavras me silenciaram por tanto tempo
E me mandaram calar arrebatado

Por vezes havia caminhado em tristeza e melancolia
Mas logo aqui não havia tempo para anunciar tal teoria

Como em desmoronamento fui soterrado
Não houve tempo!
Estou encoberto
Estou povoado...

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